Francisco da Silva
[ Cruzeiro do Sul - Alto Tejo, 1910 - 1985 ]

Filho de mãe cearense e pai indígena da Amazônia peruana, Brasil (1910-1985), Chico da Silva passou sua infância na comunidade amazônica de Alto Tejo e, em 1934, mudou-se para Fortaleza. Embora semi-analfabeto e exercendo trabalhos manuais, seu talento para o desenho se manifestava nos muros da cidade. Autodidata, ele criava cenas em carvão e giz que capturavam sua visão da selva e do imaginário amazônico.
Na década de 1950, teve sua produção reconhecida pelo pintor suíço Jean-Pierre Chabloz, que incentivou seu desenvolvimento técnico e artístico. Em 1966, Chico recebeu menção honrosa na XXXIII Bienal de Veneza, projetando sua obra para o Brasil e o exterior, com exposições na Suíça, Rio de Janeiro e em diversas cidades europeias.
Suas obras integram acervos importantes, como o Museu de Arte do Rio (MAR) e o Museu de Arte da Universidade Federal do Ceará (MAUC), onde possui uma sala permanente. Em 2014, sua produção foi homenageada nas exposições "Encontro de Mundos" e "Pororoca, a Amazônica no MAR". O curador Paulo Herkenhoff ressalta a conexão de Chico com a selva, descrita como um espaço de tensão e vivacidade, entre o sonho e a imaginação.
Apesar de ter obras expostas em países como França, Itália e Rússia, Chico da Silva nunca teve suas pinturas apresentadas em Rio Branco, no Acre, sua região de origem. Sua obra permanece icônica na arte brasileira, mesclando tradições indígenas com uma estética fantástica e exuberante, que redefine o imaginário amazônico.